Estes dois territórios (Bairro de Padre Cruz e Horta Nova) localizam-se na freguesia de Carnide, com uma área de 3,69 km² e uma população residente de 18.028 habitantes (INE, 2021). Ambos são de promoção pública. O Pe. Cruz é composto por diferentes fases/populações, refletindo as diversas temporalidades, sendo considerado o maior da Península Ibérica, com cerca de 6 mil habitantes, ainda hoje um território multicultural e com uma diversidade de gentes. Não obstante os investimentos recentes na melhoria das condições de habitabilidade, as desigualdades étnico-sociais estruturais perpetuam a exclusão/segregação. O Bairro da Horta Nova mantém um forte sentido de comunidade, sendo também composto por uma população marcada por uma certa diversidade cultural e étnica. Estima-se que nesta freguesia residam 500 pessoas portuguesas ciganas que se fixaram neste território há 45 anos; cerca de 70% têm 25 ou menos anos. Continua a haver um forte absentismo escolar, por não existir grandes perspetivas em termos de empregabilidade. Em ambos os territórios, os processos acumulados de segregação ditam a necessidade de intervenção no reforço das identidades culturais, tanto mais que, nos últimos anos, compositores como Diego el Gavi, músicos como Paulo Croft e bailarinos como Sofia Abraços têm conseguido abrir portas, atuando em espaços ou até grandes festivais – quebrando as fronteiras do anticiganismo com as suas artes. Este projeto pretende resgatar e dar visibilidade ao património artístico-musical silenciado da população cigana